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A Plataforma Sentidos do Morar se dispõe ao encontro e tessitura de laços entre as margens* e a universidade.
Aqui, reunimos narrativas do morar - em territórios populares de Salvador - tendo suas moradoras e moradores como fios condutores.
Ao registrar os sentidos que se compõem em torno do morar,
desde e com aquelas e aqueles
que moram falando - por si mesmos - sobre suas moradias,
costuramos outras tramas sobre e na cidade.
Este ambiente virtual, portanto, se abre para que emerjam narrativas, olhares e interpretações das moradoras e moradores que habitam e produzem moradias e territórios desconsiderados e desprezados historicamente, sobretudo desde bairros negros, para mobilizar e refletir criticamente sobre os processos contemporâneos de produção da cidade, também documentando, visibilizando, reconstruindo e fazendo pensar sobre as múltiplas formas de fazer-cidade e moradia que as margens evocam.
*Entendemos as margens não como espaços periféricos, mas como espacialidades dinâmicas, que informam as disputas, tensões e o fazer-cidade cotidiano (ROSA, 2018; AGIER, 2015). Recusamos pensar as margens na chave da ausência, da precariedade e da exclusão, evocando as práticas de sobrevivências cotidianas que transpõem a conceituação de marginalidade estruturada apenas a partir das opressões (HOOKS, 1990).

quem tá falando?
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Grupo de Estudos Margear
Esta plataforma é construída coletivamente, desde o encontro com moradoras e moradores de territórios populares - e majoritariamente negros - de Salvador.
A iniciativa ancora-se em uma composição coletiva de pesquisas vinculadas ao grupo de estudos Margear, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia - FAUFBA, no qual desenvolvemos pesquisa e ação sobre/na cidade e suas margens.
O grupo, coordenado pela Prof. Thaís Troncon Rosa, tem uma diversidade em sua composição: mulheres negras e brancas, homens negros e brancos, LGBTQIAP+, nordestinas, originárias de territórios negros e populares, bem como pesquisadoras de outras localidades engajadas politicamente nas questões associadas aos territórios com os quais moblizamos pesquisas.
Especialmente desde a pesquisa de doutorado de Juliana de Faria Linhares, esta Plataforma é desenvolvida com o apoio da Proext/UFBA, através do Edital Tessituras de apoio à Extensão na Pós Graduação.
pra quem tá falando?
Esta Plataforma é uma experimentação de formas de articular pesquisa científica e territórios populares e negros, tendo como perspectiva a produção de conhecimento em conjunto com os que habitam e produzem, cotidianamente, as margens da cidade.
Considerando que as narrativas daquelas e daqueles que habitam e produzem cotidianamente as margens da cidade não ecoam, especialmente, nos meios acadêmicos - e entendendo que estes podem descrever com profundidade sua própria realidade, bem como devem ter assegurada sua oportunidade de falar (VIDA, 2018) -, confia-se que a narrativa de moradoras e moradores, como fios condutores de suas próprias histórias e práticas, mobilizem diversas dimensões da vida, para além dos estereótipos e discursos que colam às moradias e territórios populares.
Por fim, a partir destas narrativas, rastreando também as práticas e táticas que são acionadas cotidianamente para viverem as suas vidas e tornarem seus mundos habitáveis (DAS, 2007), buscamos, mais do que sublinhar a dimensão das violências vividas, tecer reflexões e ações na cidade que façam pensar sobre as respostas cotidianas diversas para as violências e agenciamentos da vidas que transformam o mundo social e implicam mudanças na realidade local e ampliada (HOOKS, 2019; BORGES, 2013).
